"Já
chegou a hora de cobrar o Buriti", diz deputada Liliane Roriz
Ela
ainda avisa que fase da paciência está para acabar e governador deve aprimorar
diálogo com parlamentares
Para
a deputada distrital Liliane Roriz (PRTB), a paciência com o governo já tem a
validade ameaçada. Passados quase cem dias de gestão, as reclamações sobre o
caos financeiro deixado pelo governo anterior passam a perder credibilidade. “A
partir de agora, temos que cobrar mais duro do governo, porque ele já tem uma
margem para se trabalhar, para criar oportunidades”, avalia. E para contar com
o apoio da Câmara Legislativa, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) precisa
aprimorar o diálogo com os parlamentares. “O deputado pode ajudar muito, se
tiver a disposição para fazê-lo, porque é ele quem está perto das bases. Ele sabe
o que as comunidades precisam. Se o governador for inteligente – acredito
que seja - ele
vai poder usar mais da disponibilidade dos deputados”, afirmou, cobrando uma
melhor articulação com o Legislativo.
A senhora acredita exista uma estratégia do governador Rollemberg de se
aproximar da família Roriz e do capital político que ela possui?
Eu
acho que a questão é o reconhecimento ao trabalho dedicado à cidade, que minha
família, meu pai e minha mãe fizeram. O governador compreende que há uma
experiência muito grande e essa aproximação é mais do que natural. Sabendo do
amor que meu pai tem pela cidade, é natural que o governador atual queira
compartilhar ideias e experiências. Meu pai entendeu isso e nada mais do que a
gente quer é que qualquer governante que assuma esta cidade tenha o mesmo zelo
para governar.
Existe a possibilidade de deixar a bancada governista em
algum momento?
Olha,
eu não posso afirmar isso. Mas sou da base até que algum projeto não esteja
conforme a vontade da população. Por enquanto, quero dar um voto de confiança
para o governador Rodrigo Rollemberg, no sentido de que o Distrito Federal
precisa desse voto de confiança, para que ele assuma posturas diferentes em
relação à gestão, trazendo mais tranquilidade à cidade. Estou ao lado dele,
serei a favor dele até onde ele estiver com esse propósito de lutar pelo
Distrito Federal. Sempre digo que sou da base de apoio à minha cidade. Não
apoio um governo, mas sim à cidade.
Fazendo as contas, o governador tem a maioria na Câmara
Legislativa?
Tem
a maioria. Não é uma maioria satisfeita cem por cento, mas sim uma maioria que
dá uma certa tranquilidade para governar.
O que falta para que o governador se aproxime dessa maioria
e mantenha uma base satisfeita?
Falta
muita conversa. Acho que o diálogo com o próprio governador e que ele assuma
posturas de compromisso com a cidade. Nem sempre o deputado quer espaço político
e cargos no governo. Ele quer fazer um bom trabalho nas bases e ter o governo à
disposição para ajudar a resolver problemas da cidade. O que é necessário é
muito diálogo e entendimento, que é muito necessário hoje. A Câmara Legislativa
e os deputados estão muito
dispostos a ajudar o governador, mas é preciso um pouco mais de atenção. Eu
sempre disse que cada deputado tem sua personalidade diferente e é preciso
conversar com cada um deles individualmente, para que eles entendam que
Brasília está passando por uma situação difícil e tudo vai ser colocado nos
eixos. Até porque o deputado pode ajudar muito o governador, se tiver a
disposição para fazê-lo, porque é ele quem está perto das bases. O
deputado sabe o que as comunidades precisam, escuta o que precisa ser feito. Se
o governador for inteligente – acredito
que seja - ele
vai poder usar mais da disponibilidade dos deputados. É preciso ouvir mais,
afinal somos representantes do povo.
A articulação política do Palácio do Buriti tem sido muito
criticada pelos deputados. Qual é problema?
Eu não posso falar por que o diálogo é difícil. Tenho que
falar por mim. Comigo, o diálogo é razoavelmente fácil. Eu entendo que a cidade
tem que ter um pouco de paciência, embora a gente saiba que esse limite está
chegando ao fim e que esse diálogo depende muito de quem é o intermediário. Se
não foi achada ainda a pessoa ideal para essa conversa, acho que o governador
tem que ligar para cada deputado e chamar para uma conversa.
Em três meses de governo, que tipo de avaliação é possível fazer?
Veja,
acho que a partir agora, temos que cobrar mais duro do governo, porque ele já
tem uma margem para se trabalhar, para criar oportunidades de trabalho. Na
verdade, o governo precisa estimular empresas para que elas sejam motivadas
para se instalarem em Brasília. O setor produtivo está muito desmotivado e
existe um pessimismo muito grande. Eu acho que o governo tem que dar
oportunidade para que esses empresários voltem a investir na cidade. Eu tenho
ficado muito alerta a isso e fiz um projeto que dá taxas de impostos mais
baixas depois de dois anos de estadia no Distrito Federal. Isso motiva o
empresário e o faz entender que o governo faz seu papel de contrapartida. Temos
que colaborar com o governo e dar mecanismos para que não sejam feitas leis proibitivas.
O setor empresarial já está contrariado com a questão dos
pagamentos. É possível atrair mais empresários?
Com
certeza. Você precisa ter muito mais diálogo com os empresários, porque não só
Brasília como o Brasil passa por uma crise muito grande. Mas a gente tem que
entender que o estado de Goiás não pode criar mais expectativa para as empresas
deixarem de vir para cá e irem para Goiás. O governo tem que achar uma forma
para os empresários terem melhores expectativas.
A senhora foi uma das poucas opositoras ao governo Agnelo.
Que tipo de aprendizado foi possível obter?
Historicamente,
minha família sempre foi oposição ao Partido dos Trabalhadores, embora no meu
caso fosse uma oposição muito discreta, por achar que a cidade estava sempre em
primeiro lugar. Nunca fui
oposição radical, sempre busquei o melhor para a cidade. Ser base sempre tem
uma premissa na minha cabeça: estou na situação, mas quero, acima de tudo, o
melhor para o Distrito Federal. É o que fiz quando o governador vetou meu
projeto, que preservava a
quadra 901 Norte. Fui muito dura. Não gostei e me espantei pelo fato de ter
lutado com ele contra o PPCUB, que o governo anterior queria aprovar. Fui
radicalmente contra esse veto. Logo depois, o governador falou comigo que era
favorável a essa preservação. O plano de Lúcio Costa tem que ser intocável.
Falei para ele que ia derrubar esse veto. Ele entendeu e conversei com todos os
meus colegas, que me apoiaram. Não vou abrir mão disso, porque é a cidade que
eu amo e vou lutar por isso. Mesmo que eu seja da base do governador, vou
pensar sempre nesse amor que eu tenho por Brasília.
Qual o momento mais oportuno para discutir PPCUB e Luos?
Têm
que ser revistos os dois projetos. O governador acompanhou e fez audiências
públicas quando era senador e sabe que tem
que haver um ajustamento. A cidade cresceu e existe a prerrogativa de se
conservar a cidade como patrimônio cultural da humanidade. Eu acho que o PPCUB
tem que ser avaliado pelo Iphan e é preciso que se restabeleçam novos
conselheiros no Conplan. É uma discussão que tem que ser
diferente do passado. A cidade precisa ouvir o que pode ou não ser feito e
entenda qual o mistério por trás do PPCUB, qual a razão do governo anterior
querer que a Câmara o aprovasse a toque de caixa. O governador Rollemberg tem história na cidade, como Elisa Costa, que acompanhou toda a
campanha, foi à posse do governador. Ela é uma pessoa que acompanha muito essa questão.
O governador vai entender que isso tem que ser melhor discutido. Não sei quando
isso poderia acontecer, mas acredito
que é importante que seja colocado em discussão. Até porque sempre vamos ficar
naquele medo, pavor, que venha para assombrar a tranquilidade do morador de
Brasília.
A revitalização da W3 é uma das questões que devem ser
levadas em conta quando se fala em PPCUB. Como fazer isso?
Entre
meus projetos, eu criei um que dá incentivos para os moradores e comerciantes
que reformarem calçadas, marquises, fachadas. Em contrapartida, será concedido
um desconto no IPTU. Todos os governos tentaram revitalizar a W3, mas o assunto
não foi adiante. Será um estímulo às pessoas que vivem naquela área para a
tornarem atrativa. Será bom tanto para o comerciante tanto para os moradores. A
cidade vai ficar mais bonita. A avenida que foi muito famosa décadas atrás
passa a ser reutilizada e pode ser até um ponto turístico novamente.
Nos primeiros três meses, o governo reclamou constantemente
da crise financeira. É possível superá-la ainda este ano?
Sim.
Acho que esse ajuste de contas sempre é muito ruim para a cidade. Mas temos que
entender que as áreas básicas, como a saúde, segurança e educação não sejam
afetadas. Afinal de contas, temos um fundo que nos garante isso, a
estabilidade. Então, acho que no próximo semestre, com o ajuste todo que tem
sido feito, podemos passar a partir de agosto uma tranquilidade maior, com ele
cumprindo as promessas de campanha, em todas as áreas. Assim como prometeu no
seu plano de
governo. É o que eu espero.
O caminho para superar a crise é com aumento de impostos?
Não.
Eu acho que seria melhor cortar gastos desnecessários, com viagens, carros de
luxo. Tem que enxugar a máquina. As pessoas no governo têm que entender
que precisam usar menos telefone, menos supérfluos. Ou seja, quem está
envolvido com o governo tem que entender que é um servidor público e não um gastador público. É preciso
pensar que a máquina gira em torno de economia. Cada secretário, servidor
precisa ter esse zelo com o dinheiro público.
O aumento do IPTU perdeu força?
É,
o IPTU não tem como. O País já passa por essas dificuldades e não tem porque
aumentar e eu sou totalmente
contra um reajuste.
A
redução no número de administrações foi deixada de lado, já que vários
deputados se manifestaram contra. Tem alguma chance de ser aprovada?
No
meu ponto de vista, não. É, aliás, o ponto de vista das comunidades dessas
áreas. É muito ruim. Não acho que seja uma economia muito relevante acabar com
algumas administrações. Tem que se readaptar ao momento, diminuir o número de
servidores, mas acho que acabar com elas eu também não sou a favor.
fonte ; jornal de Brasília
fonte ; jornal de Brasília
0 Comentario ""Já chegou a hora de cobrar o Buriti", diz deputada Liliane Roriz "
Postar um comentário